domingo, 5 de abril de 2020

quarentena, isolamento preventivo, covid, corona, pandemia e essa %&#*a toda

Desde Outubro que aqui não escrevia. Sou dessas que tem de rabiscar qualquer coisa todos os dias, que a vida sem expressão não faz sentido para mim. Desde Outubro que aqui não escrevia porque não tinha tempo. Havia sempre mais que fazer. Uma avalanche de afazeres que impulsivamente ia cumprindo, acumulando e cumprindo, numa correria impossível de atenuar até que alcançasse os objectivos a que me tinha proposto e que rapidamente seriam substituídos por outros, uns atrás dos outros. E passaram dias, semanas e meses em que só registei emoções no caderninho que me acompanha sempre e cujas linhas fui preenchendo durante uma pausa para café, numa esplanada de onde os meus olhos se podiam perder por entre os passos apressados da multidão que enchia os passeios da cidade. E quando senti que estava quase a chegar ao momento em que finalmente me sentiria realizada, feliz e com um dos meus maiores desejos concretizados, aconteceu.

Fui obrigada a parar.

Cancelaram-se as viagens, os trabalhos, as parcerias novas, os projectos. 
Prefiro pensar que tenho a vida adiada e não cancelada.

Nas vésperas do décimo segundo dia do mês de Março, sentia-me rebentar de orgulho da minha determinação. Sabia que o meu mindset, a minha responsabilidade, a minha seriedade e a minha dedicação eram a razão para que o meu profissionalismo começasse a receber o reconhecimento que convictamente mereço. 


E desde então, saudades. Das minhas pessoas, da bênção que é a liberdade, que tomei como garantida. De poder ir. De poder estar. 

De sentir a areia debaixo dos pés e o mar tocar-me na pele despida. De sentir o cheiro da praia quando o vento acaricia o rosto. De ir jantar com o meu melhor amigo, que por ser médico, não sei quando voltarei a abraçar. De ir lanchar com as minhas amigas numa esplanada qualquer só porque o sol está tão agradável. De passear pela Avenida da Liberdade, de ir fazer sessões de shopping com os meus clientes, de atender mulheres na Dress. De comer amêijoas à beira-mar. De beber um café na marina da Expo, depois de almoçar no Tejo à Vista. De convidar as minhas pessoas para vir a minha casa. De os ver ao vivo, sem aparelhos entre nós - mas graças a Deus pela tecnologia. De ver a minha prima e poder tocar-lhe na barriga enquanto digo baboseiras para que o bebé conheça a minha voz. De sair para dançar. De ir beber uma imperial a Alfama e repetir que nunca gostei de cerveja. De não ter medo de me tornar germofóbica. 

Que este tempo sirva para o que é preciso: para parar.
E que a paragem seja curta.

Voltei a ter tempo para escrever e não sei como deixei de o ter.

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

sobre as fobias

Só sabem da minha fobia aqueles em quem confio. Não falo dela por ser um assunto sério. Incapacitante, que me fragiliza e expõe como poucas outras questões. A minha fobia descontrola-me. Gela-me. Limita-me. Torna-me inútil. Infantil, até.
É difícil de compreender como é que alguém tão corajoso e forte perde a sanidade tão facilmente perante algo tão pequeno e irrelevante para a maior parte das pessoas. Mas é mesmo isso: tolda-me, anula-me a razão. Perco as estribeiras. Não consigo reagir.

Já tive várias situações de perigo por causa disto. Quase-acidentes de carro, por exemplo. E depois há as situações absurdas, de tão incómodas - esta semana passei uma noite em claro e algumas das horas desse período, de pé, no centro da sala. Não dormi. Não chorei. Bloqueei. Fiquei ali, de pé, durante mais de 120 minutos, à espera que finalmente chegasse o dia. Pensei ir para o carro dormir, mas não consegui. 

Porque quem tem uma fobia não consegue nada. Não consegue agir, nem ter coragem nem ser melhor que aquilo. E sabemos que estamos a ser irracionais e estúpidos por não resolver o problema como a maioria da população mundial. Sentimo-nos uma merda porque não controlamos as nossas reacções e damos por nós a pensar que talvez nunca consigamos viver sozinhos porque a fobia não é de elefantes, é de uma coisa que pode aparecer em nossa casa. Não há problema em ser-se europeu e ter-se pavor de leões. Ninguém critica alguém que tenha medo de girafas. Mas há fobias de coisas que fazem parte do nosso dia-a-dia. E sempre que penso em recorrer a um terapeuta para dar cabo disto, recuo quando me ocorre que a certa altura do processo, terei invariavelmente que ser confrontada com o objecto do meu medo. E eu não consigo.

E por não conseguir, depois de uma crise como a que tive ontem à noite, fico mesmo triste comigo. Sinto-me a Ana de quatro anos a desiludir o mundo por não conseguir levar a cabo um gesto tão simples. 

Ao mesmo tempo, irrito-me quando me dizem que tenho de controlar o medo. Que tenho de me acalmar. Que são coisas da minha cabeça. Que aquilo não me faz mal nenhum. Como se por ouvir essas verdades tão fáceis, o meu cérebro decidisse comandar o meu corpo até um qualquer estado de paz absoluta. Meus queridos, a coisa não funciona assim, com muita pena minha. Ou acreditam mesmo que alguém gosta de se sentir louca e ridícula perante algo insignificante depois de ter sido, em tantos episódios dramáticos ao longo da vida, uma fortaleza?

É por isso, pelas piadas parvas, pelas gracinhas e partidas de quem não tem a mínima noção do que é viver com uma fobia, que não falo da minha a ninguém que não mereça a minha confiança.
Só sabem desta minha fragilidade aqueles que sem julgar, me defendem dessa reacção exacerbada, acalmando-me, ajudando-me, protegendo-me. Porque tal como eu, sabem que é irracional e, portanto, incontrolável.

domingo, 22 de setembro de 2019

a sós comigo assim

Carrie Bradshaw
Sábado à noite. Passei o dia com a pior das neuras e a evitar pensar em tudo o que me incomoda. E «tudo» nesta frase equivale mesmo a um aglomerado de muitas coisas. Cheguei a pensar que seria TPM. Não é. Sou eu a não querer largar o Verão. A não saber como resolver as chatices do dia-a-dia. A não querer cansar-me. Apetecia-me sair, ir sozinha deixar as ansiedades que me pesam numa qualquer pista de dança, beber uns gins, andar à beira-rio. 
Fiquei em casa. Até comi chocolate. Fiz máscaras hidratantes, pintei as unhas, ouvi música, elaborei uma lista de compras para este Outono que parece querer forçar a sua presença. E enquanto comia sem culpas aquele chocolate sem que me soubesse ao que desejava, fez-se luz. Depois de anos a amar estar sozinha, foi esta a primeira vez que a minha companhia não foi suficiente.

Sou plena. Sou mesmo feliz só comigo. Tenho especial gosto nos meus momentos, dentro ou fora de casa. Gosto muito de mim, de estar só. Não me entristece não ter ninguém por perto, pelo contrário, preciso disso. Sempre precisei de tirar tempo para mim. Mas houve uma conversa esta semana que mexeu comigo - tanto que não sei se saberei explicar verbalmente o impacto que teve.

Encontrei-a por acaso; ia beber um café e acabei por ficar à conversa durante imenso tempo. A L. é uma mulher de que gosto muito. É bonita, interessante, inteligente, criativa e cheia de carisma. Há mulheres assim, charmosas pela profundidade que o olhar não esconde. Que são notadas não pela óbvia beleza mas pela intensidade do seu semblante, do seu porte, da sua voz. Além de tudo isto, é independente e tem muito mais experiência que eu. Muito mais anos de vida que eu. 
Sempre conversámos, sempre a ouvi com a avidez de quem sabe que tem a aprender com aquela pessoa mais sábia e vivida. Sempre a admirei pela autonomia, pela pinta e pela total ausência de fragilidade. Na verdade, sempre me identifiquei com a sua postura de mulher de queixo erguido e sem dependências do sexo oposto. Confesso que sempre tive um fascínio por mulheres mais velhas que não precisam de uma relação amorosa para se sentirem completas e felizes.

Partilhávamos novidades e a L. perguntou-me «E namorados?». A minha resposta foi a mesma de sempre - que nesta fase não tenho disponibilidade para isso, que não me apetece assumir nada, que adoro estar sozinha, sem cobranças nem uma presença obrigatória e constante no meu espaço... e desta vez, ela disse-me para ter cuidado. Perante o meu espanto, explicou-me como não teria sido assim tão negativo ter sido um pouco menos fechada e exigente. Que não era apologista do desespero que leva tantas pessoas a baixar os seus padrões para se acomodarem em relações pouco satisfatórias, mas que agora percebia com clareza quão viciante se pode tornar o conforto da solitude. 

«Pelo menos abre os olhos», disse-me. «Ainda que não procures, olha à volta e permite-te receber. O abraço dos meus filhos não é igual ao abraço de um companheiro. O abraço dos meus netos também não. Nem o da minha irmã», disse-me, ao fixar o olhar nos meus olhos, como quem sabe perfeitamente o que é ter na irmã o porto de abrigo, a parceira e a companhia que nunca incomoda. Também a L. tem uma irmã mais que irmã. Também a L. tem uma vida social preenchida, amigos com quem estar sempre que lhe apetece, uma profissão que a preenche e hobbies maravilhosos. Também a L. se sente confortável estando solteira. Mas ao contrário de mim, a L. já sente o vazio da sua casa porque tem mais décadas desta vivência autónoma e livre dos comprometimentos amorosos.
Compreendi aquele alerta. Senti-o dentro de mim. Pela primeira vez depois de tantos anos, depois de tantas conversas tão inúteis como intrometidas com quem não compreende a minha felicidade sem um macho em quem me pendurar, soube no meu íntimo que não devo continuar tão crítica, tão irredutível, tão inacessível. Que não perderei autonomia por partilhar mais momentos com um homem. Que não quero chegar aos 60 a desejar ter sido menos fria, menos distante, menos indomável.

Depois de uma longa conversa, com confidências suas, acabei por concluir que talvez tenha chegado o tempo de experimentar permitir que alguém chegue perto outra vez. Mesmo que morra de medo que a minha paz seja perturbada. «Mas é tão frágil assim a tua paz? Depois de tanto trabalho interior, achas que qualquer pessoa pode roubar-ta?». Ela tem razão. Porque não?

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

SHOP MY CLOSET

Decidi fazer um Closet Detox à minha pior cliente: eu mesma!
Muitos artigos foram excluídos do meu guarda-roupa e desses, nem todos são úteis para doar, como faço sempre que levo a cabo este serviço (os clientes confiam no meu bom senso para encaminhar os excedentes em boas condições de conservação para organizações que os façam chegar a quem realmente precisa).
Assim sendo, decidi colocar aquilo de que quero desapegar-me à venda e partilho convosco os diferentes anúncios que criei para o efeito!

AQUI podem ver uma selecção de peças confortáveis - um clássico vestido preto com apontamentos brancos, da Mango; dois modelos de calças largas, em animal print e em ganga super leve ou básicos com detalhes interessantes para usar todos os dias!

NESTE, por sua vez, coloquei básicos com um twist, ou seja, artigos para vestir no dia-a-dia, com pormenores charmosos - uma camisola em malha com animal print, várias t-shirts divertidas, uma saia skater em napa preta ou leggings da Calzedonia no mesmo material. 

ALI incluí colares e anéis que simplesmente não se adequam ao meu estilo pessoal no momento, ainda que continue e achá-los giros.

Todos os artigos estão em perfeitas condições de conservação e algumas nunca foram usadas.
Para mais informações, enviem mensagem via olx.

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

o privilégio que é ficar offline

Desligar, não querer saber das notificações que proliferam no frágil ecrã (tão frágil como o estrangeirismo que lhe dá o nome) do smartphone. Não querer saber.
Quando a vida se adensa e os dias se problematizam, acumulando contrariedades um depois do outro, preciso de forçar o silêncio.
De forçar paz.
De forçar sossego.
Tem sido um Verão rico em mudanças de perspectiva, insights, de dar prioridade ao discernimento sério e pesado que nos compele à tomada de decisões.
Passei um dia de aniversário belíssimo, cheio de amor e de presenças imprescindíveis. Recebi, pela primeira vez na vida, um bolo de anos confeccionado pelo meu pai. Passeei por Lisboa com a minha mãe, que me ofereceu o mais bonito dos vestidos negros. 
Ao longo dos últimos meses, matei saudades de uma das minhas mais antigas amigas, abracei aqueles que vivem noutro continente e cuja ausência no meu quotidiano é sentida constantemente. Senti gratidão por ter sido lembrada de que ainda há amizades que se baseiam no respeito mútuo e que não se deixam abalar pela distância que nos afasta. Recebi os meus lisboetas em Pombal e em Lisboa, um pombalense e uma bracarense que podia ter sido fruto do mesmo ventre que me gerou, tão especiais os laços que nos unem. Levei-a aos fados, abracei-a e continuo a sentir saudades. Meti-me onde não era chamada porque sabia que não poderia tapar o sol com a peneira e isso trouxe-me paz. Vi as minhas plantas crescer, o meu manjerico dar flor, pisei areia molhada nos dias em que a praia se deixou levar pelo Verão. Deitei-me no chão com os meus gatos, cantei ao volante, dancei porque a música estava boa. Vi as horas num relógio de ananases. Reorganizei o meu closet. Nutri o meu cabelo, cuidei da minha pele e baldei-me com as refeições porque mereço ser feliz à mesa. Bebi aperol spritz porque me apeteceu. Perdi o olhar em pedaços de arte, abracei a Mana sempre que estivemos juntas. E ela, sem saber quão intensa é a sua beleza, sempre comigo.Vi coisas bonitas. Fiz coisas bonitas. Trabalhei mais do que ganhei.

E de repente, vi-me enrolada numa onda violenta, com a sensação de não ter saída possível.
Faltou-me o ar.

Lembrei-me do outro lado - daquele em que as pessoas não fazem coisas bonitas, não sabem o valor da palavra porque não tiveram berço.
Daquele em que o mundo não é para os bons.
Daquele em que a meritocracia é uma utópica ideia nascida num qualquer cérebro tão ingénuo como inexperiente.
E já não cantei ao volante.

quarta-feira, 3 de julho de 2019

dia 24 faço anos

pelo que me pareceu lógico fazer uma wishlist. Há anos que não faço uma!

#1 - A M O estas t-shirts para lá de lindas que se vendem aqui.




#2 - Preciso de umas keds novas. São os meus ténis de eleição e adoro esta sola gordinha.














#3 - Quero este ganchinho porque quando era miúda usava uns idênticos!














#4 - Que tal uma massagem? Cai sempre bem, não é?














#5 - Apaixonei-me por estes brincos da Uterqüe.




















Acabo de chegar à conclusão de que as minhas wishlists diminuíram imenso. Antes tinha milhares de objectos de desejo e a verdade é que agora não há muita coisa que me deixe num excitex.
O que se passa comigo?

segunda-feira, 1 de julho de 2019

sobre abandonar lugares velhos

Lucy Boynton
Houve uma altura em que duvidei de mim, duvidei das minhas emoções, das minhas reacções. Duvidei das minhas intolerâncias, até. 
Suspeitei que o mundo estivesse todo ele correcto, sendo eu a única pessoa errada. Questionei todas as minhas características, os meus valores e os princípios que me regem. Senti-me perdida.

Duvidei de mim porque todos me achavam demasiado reaccionária, quando a única coisa que fazia era expressar a minha opinião. Verbalizar as minhas convicções. A questão é que a maior parte das pessoas não formula opiniões porque nem se dá ao trabalho de pensar, de mastigar aquilo que lhes é servido. É mais fácil engolir, não levantar ondas, copiar pensamentos, ir com a manada, já que se toda a gente diz que é bom é porque assim é, se toda a gente vai para a esquerda é porque é esse o caminho a seguir e eu nunca fui assim. Nunca me esforcei por uma paz podre. Nunca gostei de fachadas.

Depois de um processo de auto-conhecimento tão profundo, de crescimento tão veemente, finalmente comecei a reconhecer-me, a voltar a mim. 

É que se houve um período em que comecei a refrear-me e a conter-me, abafada por essas pressões alheias, porque talvez os outros tivessem razão, talvez não devesse ser tão bruta, frontal, honesta e verdadeira... actualmente voltei a gostar desta minha maneira de ser. Foi Deus que me fez assim. Eu não sou perfeita mas fui perfeitamente feita por Ele. Nada mais posso fazer senão amar esta criatura fantástica, esta criação que tenho o privilégio de ser. Quero dar-lhe expressão, deixá-la falar, ser e fluir naturalmente. E quem não gosta também não me faz falta. Quem se incomoda também não. Quem não entende, também não terá de lidar com as minhas explicações porque - guess what? - não me faz falta. 

E gosto disto, gosto de ser assim, gosto de ter uma coluna vertebral, uma opinião. Uma personalidade bem vincada. Porque num mundo em que a palavra já não serve para nada, pelo menos posso contar comigo, que sou fiel e leal a mim mesma.

Cheguei finalmente a este momento em que aceito o facto de não tolerar certas coisas - conversas, atitudes, maneiras de estar - que podem ser aceitáveis para a maioria mas que para mim não o são. E excluo-as sem pesos na consciência, sem dúvidas, sem reticências. Eu não tenho pudores em demonstrar aquilo que sinto, aquilo que é natural para mim. Se não gosto, reajo de acordo com o meu desagrado. Não me contrario.

Voltei a não ter medo que me chamem de maluca ou de intempestiva. Voltei a não ter medo que me julguem por ser muito crua porque na verdade, valorizo mais a preservação da lealdade que me devo do que as opiniões que os outros poderão emitir a meu respeito. 
E por isso estou numa fase de reestruturação. Em que quero ver-me livre de tudo o que não me constrói nem me faz evoluir. Estou a cortar com tudo o que sendo do passado ainda permanece, preso por laços tão frágeis que nem deveriam ser difíceis de quebrar, para seguir livremente, sem amarras, rumo ao futuro que me espera. 
Porque já não há espaço para mim nos lugares onde pertenci. 
Mas há muitos lugares novos que anseiam pela minha chegada.

terça-feira, 18 de junho de 2019

«uma beleza que vem da tristeza de se saber mulher»

Há dias assim. Acordo nostálgica, passo o dia de lágrima fácil.
Nada para contar, na verdade.
Sinto-me uma senhora idosa, daquelas para quem o tempo parou na recta final.
Daquelas que se perdem entre memórias antigas enquanto aguardam, pacientemente, que a água ferva para fazer o chá.
Daquelas que estão de pé, em frente ao fogão, sem reparar na beleza do limoeiro carregado que está do lado de lá da janela, no quintal que regam todos os dias, ao pôr do sol.
E às vezes fico nesse estado, de quem geme uma cantiga que lhe lembra um amor nascido, vivido e morto lá atrás.
Não tenho saudades de ninguém que esteja vivo e que já não faça parte do meu mundo. Talvez de uma pessoa, apenas. De um abraço. E sei que essa pessoa também tem saudades minhas porque fomos imensamente, adolescentemente, extraordinariamente felizes juntos.
Mas passou.
E continuo a amar cada fragmento de tempo vivido.
Mas passou.
Já não tem lugar em mim.
É só uma melancolia.
Sem querer voltar.
Aquela coisa indescritível que só uma mulher com uma vida cheia guarda no olhar.
Um samba da bênção no pestanejar, sabem?
Qualquer coisa que chora.
Um molejo de amor machucado.
Uma beleza que vem da tristeza de se saber mulher.
E não sei se também acontece convosco, mas é nestas alturas que nos cruzamos com olhares de que já não nos lembrávamos. É nestes espaços de tempo, em que não nos sentimos presentes no presente, que regressam aqueles que já esperávamos desaparecidos. De quem já tínhamos esquecido. Dão sinais de vida, reiteram a sua existência como se não quisessem que o passar do tempo os apagasse.
Finjo não notar.
E ouço mais uma música, daquelas que me lembram outras fases, outras vidas, numa tentativa desesperada de expiar tudo o que pudesse ainda haver dentro de mim, revivendo outra Ana, com as mãos noutro volante, a conduzir por outras estradas, para chegar a lugares que já não são como eram.
Associo músicas a pessoas, a histórias, a lágrimas e a risos de outras épocas. E ao som delas viajo até lá, regresso e constato que estou sempre melhor onde me encontro do que nos sítios por onde andei.
Fico cansada.

E depois volto para o pragmatismo da minha vida agitada, com tanto para dar e ser que sinto que vou afogar-me neste mar de possibilidades. Então desejo ser como as outras pessoas. Simples. Fácil. Sem sonhos grandes nem expectativas elevadas. Sem esperar muito da vida. Sem esperar muito de mim.
No meio disto tudo, surge sempre a dúvida: estou ou não no lugar certo?
E depois admiro a minha força.
A minha esperança.
A minha fé.
E continuo, firme, a orgulhar a menina que fui aos quatro anos.
Caminhando a solo num mundo de loucos.
Erguendo um palácio sozinha.
Trabalhar por conta própria não é nada fácil.
Solto um palavrão, dos poucos que sei.
Estou quase lá.

quinta-feira, 16 de maio de 2019

da sombra que cá tenho também

Solange Knowles 
«are you healed or just distracted?»

A questão mais profunda que me chegou nos últimos tempos.
Estás curada ou apenas distraída?
Como se cura a memória que ainda nos enche de fúria?
Como se transforma a raiva que sentimos por alguém em mero desprezo?
Se não for o tempo, o que pode acabar com o que nos fere ainda?
Toda eu sou amor mas ainda me falta transformar essa cólera num sentimento puro.
Em luz, na verdade.
Mas não sei como fazê-lo.
Não sei como deixar de querer espancar aquela pessoa.
Ela roubou-me.
Roubou-me tanto, aquela pessoa.
Tirou-me tanto.
Substituiu-me em lugares meus.
E não tem vergonha nenhuma.
Ainda não lhe descobriram a podridão.
A falta de carácter.
A sujidade que esconde por detrás de uma figura aparentemente inofensiva.
Ainda não foi feita justiça e eu mal posso esperar para vê-la pagar.
E que feio este sentimento para alguém que sempre agiu de forma elevada.
Que estranho sentir isto quando deveria simplesmente estar grata:
por ser diferente
por ser melhor
por ser bonita por dentro
por ter aprendido que nem toda a gente merece o nosso tempo
nem fazer parte do nosso inner circle
nem entrar em nossa casa
ou no nosso mundo.
Nem toda a gente é digna dessa partilha inteira.
Nem toda a gente sabe honrar essa entrega de peito aberto.
Nem toda a gente deveria ter o melhor de mim.
Cada um dá o que tem dentro de si.
Eu dei amor
amizade
compreensão.
Eu dei sorrisos
dei riso
dei abraços.
Dei companheirismo.
Nunca julguei.
Nunca julguei.
Mesmo quando haveria tanto para julgar.
Dei a mão, dei força, dei determinação.
Dei soluções, dei os meus conhecimentos.
Dei possibilidades para uma vida nova.
Dei o que sabia dar.
Em troca, recebi lixo.
Recebi a merda que havia lá dentro.
Recebi traição, intriga, inveja.
Recebi dor.
Recebi drama.
Recebi ciúmes e tretas e fiquei aqui com esta ira.
Uma vontade de agredir.
De destruir as mentiras que lhe servem de alicerce.
Um nojo imenso que escondo.
Escondo atrás de um sorriso falso - quase tão falso como a pessoa.
E não lhe desejo mal.
Desejo justiça.
Porque eu não semeio nada que tema colher.
Então quero que chegue depressa o tempo da sua colheita.
Quero testemunhar, pela primeira vez na vida.
Quero saber, quero ver.
E continuo à espera.

quinta-feira, 9 de maio de 2019

das coisas que temos que deixar para trás.

Largar - deixar ir.
Abandonar quem nos abandonou ou nos fez abandonar quem éramos.
Tirar da nossa bagagem o peso dos sentimentos que nos puxam para o centro da Terra.
Arrancar do peito as mágoas - a dor da deslealdade que acreditávamos ter calado; a sensação de solidão depois da traição; o medo que germinou, cresceu e cravou as suas raízes à volta do coração, depois de termos sido postas de lado.
Matar o que nos quebrou. Partir em mil pedaços o que nos estilhaçou.
Calar de uma vez por todas as vozes que abafaram a nossa - aquele insulto gratuito, aquela acusação ingrata, aquela crítica invejosa.
Apagar as mentiras que nos cortaram por dentro.
Largar tudo isso - deixar ir.
Abrir os olhos e ver apenas quem merece ser visto.
Abraçar o que nos faz bem, o que nos reforça a confiança, o que nos eleva.
Encher os pulmões de ar fresco e inspirar gratidão.
Reconstruir uma auto-estima feita em pedaços, com carinho, todos os dias.
Amar quem somos, depois da guerra.
Depois da tempestade.
Adubar o amor pela pessoa que somos, que resistiu a tantas tormentas.
Elogiar-lhe a coragem, a resiliência, a capacidade de se reerguer.
Fazê-la sentir-se bonita, boa, sã, útil, generosa, amável, como ser de amor que é.
Como ser de luz que é.
Como alma bonita que mora num corpo perfeito.
Saudável.
Capaz.

quarta-feira, 8 de maio de 2019

BOLD IS BEAUTIFUL

O projecto filantrópico Bold Is Beautiful, da Benefit, decorre durante todo o mês de Maio.

É simples: o total da facturação gerada por epilação de sobrancelhas ao longo destes 31 dias é doado a duas instituições. E o melhor é que podemos alcançar sobrancelhas maravilhosas em todas as lojas Sephora do país ou na Boutique Benefit do Chiado, em Lisboa, enquanto contribuímos directamente para o empoderamento de outra mulher. Cuidamos de nós, tornamo-nos mais bonitas e confiantes e a totalidade do montante que investimos é doada à Dress for Success Lisboa e a outra associação local.

Não preciso de falar sobre a importância de boas sobrancelhas, pois não?

segunda-feira, 29 de abril de 2019

Não tenho muita paciência para pessoas.

Kim Kardashian
Cada vez menos. A ignorância orgulhosa e atrevida irrita-me, principalmente pela falta de consciência de quem a manifesta sem pudores. 

Irrita-me também o desrespeito pelos compromissos que se assumem. O desleixo e a despreocupação pelo tempo dos outros. Pela vida dos outros. A total ausência de consideração.

E sabem o que também me irrita? O excitex. Na generalidade. Aquele mood em que ficam as pessoas quando estão tão excitadinhas com alguma coisa que ficam de cabeça nas nuvens, sabem? Como se baixasse sobre elas o espírito da irresponsabilidade porque o cérebro pára de funcionar e ficam ali, vidradas no que as entusiasma, como se nada mais houvesse no planeta.

Na verdade, depois de escrever isto, reparo que o que me irrita pode ser resumido numa palavra: imaturidade. Porque em qualquer ser humano que tenha atravessado um denso processo de amadurecimento não cabe qualquer uma das características que apontei. 

Alguém maduro é também suficientemente sábio para ter plena noção da pequenez dos seus conhecimentos em determinados assuntos, pelo que saberá calar-se para aprender ao invés de se julgar mais culto do que na realidade é. 

Uma pessoa madura honra os seus compromissos, por menores que possam parecer. E perante a impossibilidade de os cumprir, já que imprevistos acontecem, informa quem não quer ver surpreendido, apeado, desiludido, de que não conseguirá respeitar o combinado.

Por fim, uma alma embebida em maturidade não se deslumbra em ocasião alguma.

Obrigada, boa noite.

quarta-feira, 10 de abril de 2019

descoberta da semana


Estou em choque. Primeiro, porque ainda não conhecia estas maravilhas. Segundo, porque funciona mesmo!

Passo a explicar: encontrei isto à venda no Continente e decidi trazer para casa para experimentar. Um mero pano que promete remover toda a maquilhagem do rosto - mesmo que seja à prova de água. Pareceu-me excessivo e acreditei tratar-se de publicidade enganosa. Até descobrir que não é.




Fiz upload de um vídeo no meu canal IGTV em que uso o dito pano para retirar uma maquilhagem bem carregada e fiquei muitíssimo bem surpreendida. Bastou humedecê-lo com água (eu usei morna) e passar sobre a pele.

Além de ser rápido e eficaz, evita a produção de lixo, já que não precisamos de usar toalhitas desmaquilhantes ou algodões. Acho que até os produtos desmaquilhantes deixam de fazer sentido!

Pode ser lavado na máquina e cá entre nós, se é reutilizável até mil lavagens, temos uma amizade para a vida toda!


terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Então fechei a porta, depois de esvaziar a minha casinha, aquela modesta no rés do primeiro andar a contar vindo do céu. Fechei a porta a sentir que a fechava. Vim embora lavada em lágrimas. 
Mudei. 
Estou na casa nova, que aos poucos se vai tornando na minha. Acordo feliz todos os dias e tão grata pela mudança, apesar das saudades do meu bairro que continuo a visitar sempre que me apetece. Tenho uma vista maravilhosa sobre o Tejo, o sol entra-me pelas grandes janelas e, tal como esperava, mudar de casa trouxe outras mudanças à minha vida. Porque é sempre assim - quando mudamos uma pequena peça, todas as outras encaixam de forma diferente, como num jogo de tetris. Acredito que a vida funciona desta maneira, que uma acção gera acontecimentos surpreendentes e que não tenham necessariamente nada que ver com ela. Uma pequena alteração num determinado sector produz efeitos noutros. Porque a energia mexe-se, as águas são agitadas e os fluxos tomam novas direcções. Então mudei de casa e começaram a acontecer coisas novas no trabalho. Os meus dias estão diferentes, a minha vibe é diferente. Ainda não assentei, que há gavetas por organizar e nem consegui tirar o meu tempo para meditar, mas já noto uma aragem nova.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Meu Moquifo

Vou mudar de casa.
Vou deixar estas paredes que foram o meu escudo nos últimos anos. Foi aqui que tive muitos medos, foi aqui também que os libertei. Chorei muito, diverti-me tanto. Foi neste lugar que nos apercebemos da força da tríade que somos. Foi aqui que me senti desamparada por todos os que já não moram em mim e que abri os olhos para entender que afinal já tinha comigo todos aqueles de quem precisava.

Olhando para trás, apercebo-me de que foi nesta casa que me tornei na mulher adulta e equilibrada que sou hoje. E é inevitável a gratidão. Foi enquanto vivi nesta casa que me tornei consultora de imagem, que aprendi a navegar na tempestade e que me atirei de cabeça à aventura. Foi enquanto vivi nesta casa de que agora me despeço que sonhei muito do que estou finalmente a concretizar. E foi enquanto vivi nesta casa que me permiti conhecer-me profundamente. 

Não que não fosse madura - nada disso. Não que não fosse responsável - nada disso. Mas foi neste período de tempo que me tornei nesta pessoa tão diferente daquela que fui. Era mais menina, mais ingénua, mais crédula. Menos serena, menos sensata, muito menos consciente.

E esta casinha, que carinhosamente apelidámos de Moquifo, fez-me sentir protegida, apesar da grandiosidade do mundo assustador lá fora. Chegar a casa era mesmo isso. Cheguei a casa todos os dias a gostar do sítio para onde vinha. Tomei conta dela o melhor que pude e custa tanto sair daqui.

Queria comprá-la, na verdade. Ainda não posso fazê-lo. Queria que fosse minha para poder torná-la no apartamento que merece ser. Saio com lágrimas, confesso. E quis tanto encontrar outra casa que parece ironia tanto choro na despedida. 

É que quando cheguei, decidi que seria provisório. Em breve iria encontrar uma casa melhor. Mas não apareceu e ela aconchegou-me. Foi-me abraçando, testemunhando os meus lutos e as lutas que travei. Ouviu os meus desabafos, prantos e orações. Viu recuperações impressionantes, de uma força indescritível. Foi cenário de muitos jantares bons e recebeu-me de braços abertos de cada vez que cheguei de uma noite comprida ou de um longo dia de trabalho. Todos os meus amigos e familiares se sentiram bem no Moquifo - a casa tem uma energia própria tão amorosa! A Carmen fez dele também a sua casa e eu fui-me aninhando. 
Passámos a ser as Princesas do Prédio, num prédio cheio de velhinhos que nos tratam pelo primeiro nome, que me ajudaram quando o carro avariou sem que pedisse nada, que me fazem sentir acompanhada mesmo quando estou sozinha em casa. E depois o conforto estendeu-se ao bairro e quando dei por mim este cantinho de Lisboa já era um pequeno Pombal na capital. E que bom. Foi tão bom que nem acredito que vou mudar.

E não contenho o choro porque todas as mudanças me transtornam - até quando o telemóvel se avaria e tenho de começar uma relação do zero com outro. Gosto de sair da minha zona de conforto, sei que é indispensável ao crescimento e tenho plena convicção de que todas as transformações nos abrem caminhos novos, melhores. Sei que tudo contribui directamente para o meu bem. Mas sou de saudades e já sinto saudades do meu Moquifo.

Se fosse gente, abraçava-o. Agradecia-lhe por me ter abrigado como pôde. E agora parto para outra casa, mais nova, com vista para o Tejo e não deixo de me sentir ridícula por não me sentir como imagino que a maioria das pessoas se sentiria, numa incontrolável excitação por saber que se muda para algo melhor.

Eu sei que vou gostar. Mas porra, o Moquifo foi uma boa casa. 
E vê-lo assim, a perder o que lhe imprimi de mim, a ficar vazio, faz-me chorar por saber que chegou ao fim aquela fase. Ficam as memórias. É tempo de avançar.

Quem sabe se um dia não o compro?

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

t o d o s

Sou mestiça. Apesar da palidez da minha pele e segundo o que tenho lido por aí, metade de mim é preto vai para a tua terra. Outra metade é branco sacana que bate em pretos.
Fere-me de cada vez que alguém aponta a diferença. Magoa-me de cada vez que ouço ou leio ignorância e preconceito. Não vejo pretos e brancos. Vejo pessoas.
Sou mestiça, uma fusão do melhor de dois mundos. E tu, que dizes que és branco, que olhas para o espelho com um certo orgulho no que julgas ser evidência de ser-se caucasiano, cheira-me que entre visigodos e mouros também não hás-de estar muito longe da minha suposta definição étnica.
E tu, que te apelidas de negro e que te vitimizas em vez de te elevares, que atiras sobre os outros o peso da responsabilidade de não te sentires digno, de te olhares como menor, bate no peito e honra a memória dos teus antepassados que não podiam mudar o mundo, porque o mundo ainda era mais duro para eles. Não deixes que te pisem mas sê maior.
É que se fôssemos todos evoluídos, todos amor, todos mais, já não haveria espaço para discussões que abrem feridas em vez de as tratar.
Somos todos gente. Somos todos pessoas. Somos todos humanos.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Feliz Natal!

Não é novidade para ninguém que tenho uma relação estranha com esta altura do ano. Ainda assim, espero que o Natal seja cheio de memórias bonitas. Que seja doce. Que seja só paz. Que tenham perto aqueles que amam. Que possam abraçar quem é especial para os vossos corações. Que aproveitem as festas e que não vos pese nada na consciência. Que comam o que vos apetecer, que as dietas e os ginásios voltam em Janeiro. Que sorriam e partilhem amor. Quanto a mim, só quero sossego, mimo e aquela sensação de aconchego. E que o aniversariante me ouça quando Lhe der os parabéns!

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Façam também!

 Zendaya
A Vida é sempre a perder. Sem dramas, é mesmo. Todos os dias perdemos 24 horas de vida e a areia na ampulheta vai passando de um lado para o outro. Todos os anos perdemos pessoas que amamos. Umas morrem, outras continuam a respirar mas deixam de fazer parte do nosso mundo. Algumas mudam de país e ficam afastadas de nós sem sequer imaginar a dor que a sua ausência em nós causa. Perdemos dias, horas, minutos. Perdemos, perdemo-nos. Deixamos de saber o que é feito de gente de quem até gostamos. Deixamos de saber onde está aquele objecto que tem tanto valor sentimental. Esquecemo-nos de acontecimentos - ficam também eles, perdidos. Perdemos o manjerico que seca, o animal que parte, a memória daquele céu fantástico ou do sorriso terno daquela criança a quem dissemos adeus, no carro ao lado.
A Vida é sempre a perder.
Não é novidade.
Mas e se dermos tanta relevância a tudo o que ganhamos? Todos os dias ganhamos 24 horas novinhas em folha, prontas a estrear e a preencher com novas iniciativas, surpresas, oportunidades e momentos marcantes. Todos os anos conhecemos pessoas novas, pessoas bonitas que podem representar novos capítulos lindos. Ganhamos dias, horas, minutos. Assim que acordamos e notamos que continuamos a respirar, sentimos o conforto dos nossos lençóis quentinhos, sabemos que temos um café e um pequeno-almoço saboroso à nossa espera, tudo isto debaixo de um tecto. Todos os dias, a possibilidade de fazer alguém sorrir, de criar algo novo, de tocar a vida de alguém e fazê-la sentir-se melhor. Sabemos que os gestos mais simples podem suscitar sentimentos tão bonitos.

Uma forma simples de mudar o prisma e de começar a ver através de uma lente positiva é contrariando o que seria natural - focar o menos bom. E se puxarmos pela memória para conseguir registar pelo menos doze bênçãos - uma por cada mês do ano? Talvez nos lembremos de muito mais que uma dúzia delas. Eu começo:

1 - Comecei a fazer voluntariado na Dress For Success Lisboa.
2 - Continuei a investir no meu crescimento pessoal e espiritual.
3 - Comemorei o final de curso da Mana.
4 - Conheci pessoas maravilhosas que já vivem num cantinho especial do meu coração.
5 - Lancei o meu site, de que tanto me orgulho!
6 - Tive clientes que confiaram em mim.
7 - Reencontrei-me com pessoas importantes na história da minha vida.
8 - Vivi umas férias maravilhosas.
9 - Pude passar tempo com pessoas que amo.
10 - A cirurgia da Mana correu bem.
11 - Voltei ao ginásio.
12 - Acompanhei de perto a gravidez de uma amiga e vi o bebé no dia em que nasceu.

Agora vocês!

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

[ sobre honrar a nossa herança ]

Foi um presente de aniversário. Queria tê-lo feito há muito tempo mas só este ano aconteceu

É que sou a bisneta mais parecida com a bisa contrabandista, aquela que era convidada para ir a Paris assistir aos desfiles das grandes casas e comprar os modelos para reproduzir cá em Portugal. 

E sempre desenhei roupas - para mim, para a minha mãe, para a minha irmã, para as minhas amigas. Sempre soube como queria que ficasse o resultado final, que acabamentos, que cair do tecido; se em viés ou a direito. Tinha que pedir ajuda a quem soubesse confeccionar para materializar as minhas ideias. De vestidos de gala com soutiens incorporados a simples conjuntinhos de calção e top, sempre precisei de outras mãos para dar vida às minhas criações. Mãos que admiro cada vez mais.

E por ser a bisneta mais parecida com a bisa contrabandista, seria uma vergonha não aprender o ofício dela.

Fui aprender a costurar, a mexer na máquina, a colocar a linha na canela e a chulear. Aprendi a riscar o tecido com giz e com confiança, a cortar, a criar um molde. A empastar e a alinhavar mais depressa. A costurar. A unir meros pedaços de tecido através da linha que a agulha da máquina transporta num ritmo que controlo com o pé. Desce e sobe, sobe e desce e quando dou por ela, fiz uma peça de roupa. A primeira foi difícil, meio atabalhoada. No entanto, tranquilizaram-me: a prática é tudo e se ficar mal feito, podemos sempre descoser e começar tudo outra vez. É como na vida, portanto. 

Estou longe de ter nas mãos a arte da minha bisavó, do mesmo modo que estou a anos-luz da mestria da Ana e da Inês, as pacientes professoras que me ensinaram com dedicação cada pormenor que consegui reter. Estou longe dessa minúcia cirúrgica mas mais perto de mim - e que curioso o atelier ser tão próximo do lugar onde nasci.

Esta semana tive a minha última aula e não poderia estar mais feliz por ter aprendido tantas coisas novas naquele que foi o melhor espaço para me receber. Se vos apetecer aprender a criar peças novas, feitas com as vossas mãos, a Inês e a Ana do Atelier Oficina são as pessoas certas para vos introduzir a todo um novo léxico, cheio de conceitos que a maioria de nós desconhece. Para lá das profissionais de excelência que são, ambas são simpáticas, pacientes e muito amorosas. São elas que vos apresentam a máquina de costura com tal naturalidade que seria impossível não abandonar o medo dela. Tão cedo não se livram de mim!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

impressionou-me, que querem?

SJP
Aquela mulher não parava de falar na filha. Parecia o Hugo em relação à Ana, do Casados à Primeira Vista entendedores entenderão: qualquer conversa ia dar à cria, numa constante devoção em cada palavra. Amor, diriam alguns. Obsessão, digo eu. E se disso suspeitava após uma hora de constantes alusões à criança, confirmei o meu feeling quando a ouvi começar uma frase dizendo «desde que perdi a minha identidade».

Uma vez jornalista, para sempre jornalista, portanto não consegui conter a minha questão e perguntei de rompante o que tinha querido dizer com aquelas palavras. Respondeu que tinha perdido a sua identidade no momento em que fora mãe: «Na maternidade toda a gente me tratava por mamã e eu entendi que tinha deixado de ser eu para ser a mãe». 

Fez-se silêncio. 

Sou muito transparente nas minhas reacções e o meu rosto é imediato na expressão do que a mente está a criar. Atenção, não foi reprovação nem julgamento. Foi surpresa e pena. Não é preciso viver a experiência da maternidade para saber que o nosso eu não deve ser mais que ampliado. Deixar de ser eu, anular-me, assumir que quem sou agora em função de um elemento externo - um cargo no trabalho, uma relação, um filho - não é obviamente saudável.

É natural e desejável que nos permitamos evoluir, que nos transformemos e sejamos moldados pelos acontecimentos que vão surgindo, que nos marcam, nos ensinam, nos constroem e nos revelam. Mas que não sejamos apenas uma faceta do todo que podemos ser. Que não sejamos apenas a mãe de fulano, a mulher de sicrano ou a sócia de beltrano. Que tenhamos sempre zelo pela nossa chama, que cuidemos dela todos os dias. Além de ser primordial para a pessoa que somos, só assim poderemos iluminar também quem nos rodeia.

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

E se pudesses alimentar uma criança a partir do teu smartphone?

Uma doação pode ter o valor de quarenta cêntimos e podemos escolher quem e como apoiar. 
Vale a pena ler aqui e podem encontrar a aplicação acolá

ShareTheMeal é uma iniciativa das Nações Unidas que combate a fome global. Por exemplo, com os tais 40 cêntimos podemos alimentar uma criança africana durante um dia  e com 12 euros garantimos comida para uma criança durante um mês.
Imaginem o que não podemos fazer se espalharmos a palavra!

A app recorre a métodos de segurança para fazer as suas transferências - podemos usar Paypal, Visa ou Mastercard.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

sentem a boa vibe?

2 Broke Girls 
E então dei pulos na sala, enquanto a minha irmã olhava estupefacta para mim. Gritinhos acompanhavam a coreografia a fazer lembrar um mosquito quando atingido por insecticida. E quando parei, com os olhos brilhantes, para dar a boa nova à Mana, ela ficou tão histérica como eu. 

O mais interessante foi constatar que estas reacções só surgem quando o assunto é a minha vida profissional. Não fico num excitex por mais nada. Sinto-me grata, realizada e feliz sempre que algo bom acontece mas não há mais nada que me coloque neste mood de criança que conseguiu uma hora para falar com o Pai Natal. As conquistas profissionais deixam-me completamente plena, num êxtase que pode durar dias!

E por falar em Natal, já sabem o que vão oferecer àquela pessoa que vos é tão querida? Não? Então fiquem com esta sugestão.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

...e por falar em Dezembro...

...quero muito dar-vos a conhecer este projecto. Soube dele através de um amigo e deixa-me feliz a possibilidade de concretizar desejos tão simples. 

Passo a explicar: a CASA partilha nesta página de Facebook cartas escritas com pedidos de pessoas sem um tecto para viver. Qualquer um de nós pode adoptar uma delas e proporcionar um Natal mais doce a alguém. 

Os remetentes são sem-abrigo, que expressam as suas necessidades mais prementes (botas, casacos, sacos-cama) ou genuínas aspirações (bilhetes para cinema, fatos de treino de clubes desportivos). Coisas que não deviam ser inatingíveis. Coisas que podem despoletar um sorriso nesta época.

Vale a pena espreitar.

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

[ o último mês do ano ]

Amanhã é Dezembro e escrevi algo que pode ser muito útil para todos aqueles que começam a acusar o stress da quadra festiva.

«Confesso que gostaria que vivesse este Dezembro de outra forma. Foi esse o mote para que desenvolvesse um questionário para si. O objectivo é antecipar-se a toda essa agitação negativa e preparar-se para uma nova fase da sua vida.»

Está lá, no site do Pombal Jornal, o Rendalíssima by Ana Rendall Tomaz - The Fashion Therapist desta quinzena.

terça-feira, 27 de novembro de 2018

a dor delas

Bella Hadid
Já ouvi tanto choro. Já vi tantas lágrimas. Já senti tantas dores - a dor delas. 

Amarguras e angústias profundas, terríveis e penosas. 

São eles que as esmagam. Primeiro, a submissão - elas abrem mão da autonomia, passam a precisar deles e eles deixam de ser um luxo nas suas vidas para ser uma necessidade, como respirar. A dependência emocional aprisiona-as. Então vem a opressão - elas levam-nos em tal consideração que todas as suas opiniões importam. Tudo o que dizem sobre a pessoa que são é tido em conta; a sua personalidade, as suas escolhas, os seus trejeitos, o seu humor, o seu aspecto físico.

A partir daí, colocam a auto-estima nas mãos erradas. O amor-próprio é construído pela lente do outro. Destruído. E a percepção acerca de si vai-se alterando. Deturpando. De mulheres confiantes e independentes a seres destruídos, frágeis e desprovidos de força. Desprovidos de si. De ser.

E voltar é tão difícil. Vir à superfície custa tanto. Demora tanto.
Mas é possível - e não voltarão a ser as mesmas.

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Nasceu.

Nasceu. Saiu de dentro da minha amiga para respirar sozinho cá fora. Ela tornou-se mãe. Ele passou a ser pai. Aquele bebé tão bonito fez-me chorar descontroladamente - a emoção das coisas importantes da vida desarma-me. A coragem de quem avança para uma responsabilidade tão imensa, também. A fragilidade daquele novo ser humaninho comove-me. A força da mãe, admiro-a. 

Aquele bebé nasceu num mundo louco mas ainda era barriga e já estava rodeado de amor, cheio de gente a querer mimá-lo. E que menino tão bonito. Os recém-nascidos não me costumam parecer belos, longe disso. Aquele é mesmo bonito. Inegável a quantidade de doçura por centímetro cúbico. E eu fico assim, uma tia babada, de coração cheio pelo privilégio de fazer parte deste fôlego de esperança que as novas vidas trazem.

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

mercúrio retrógrado, dizem eles.

Lana Del Rey
Segunda-feira: andava eu a tratar de coisas interessantes como o envio das leituras dos contadores quando me apercebo de um cheiro intenso a gás no hall dos apartamentos do meu andar. Decido ligar para a assistência. Uma hora depois, tenho um técnico a tocar-me à campainha. Entendo que quer companhia na sua missão e largo o computador e o trabalho pendente durante o que se veio a tornar num longo período de uma hora e meia. Descobrimos que havia mesmo uma fuga de gás no prédio. O gás é imediatamente cortado. Fica tudo sem água quente para tomar banho em pleno Novembro. Volto para o computador e sou interrompida a cada vinte minutos por vizinhos que não se contentaram com o anúncio deixado à porta do edifício nem com as explicações do administrador do condomínio. Queriam ouvir a mesma história contada pela única de duas moradoras jovens (a outra é a minha irmã). É diferente saber dos acontecimentos na primeira pessoa e como fui eu que despoletei o drama, a minha campainha não parou.

Terça-feira: o carro teve de ir para a oficina. Um barulho estranho a cada curva apertada. À tarde, o meu saco com todo o material de costura rebenta em plena estação de metro e espalha-se tudo pelo chão. Ninguém tem o menor gesto de gentileza - houve até quem me chutasse a garrafa de água que rebolava por entre os pés apressados da multidão enquanto eu corria atrás dela. Na aula de costura, alinhavo uma peça com linha dupla e não era suposto tê-lo feito assim. Desfaço. Torno a alinhavar. Vou para a máquina costura e depois de coser durante largos minutos, reparo que não havia qualquer ponto feito. A linha era tão preta como o tecido e não vi que estava apenas a acariciar a máquina. Recomeço. Abandono o atelier no final da aula e tento apanhar um táxi para ir ter com pessoas boas para jantar. Começa a chover violentamente. Tento proteger-me debaixo de um toldo que me tapava meio crânio. A chuva não se decide a diminuir a sua intensidade, então sigo Almirante Reis afora até chegar ao Martim Moniz. Nesse caminho gigantesco, não houve um táxi que parasse. Já irritada, mudo de ideias e sigo rumo a casa. Chego ao prédio e continua a não haver gás. Os meus olhos já não podem rolar mais. Termino a noite a tentar tirar um café. A cápsula rebenta e há café pelo chão, pelo móvel, pelas gavetas. 

Canseira.
A maior das canseiras é obrigar-me a não ceder.
O meu bom humor não pode ser influenciado por estas contrariedades.
Não vai.

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Aprender a parar

Leighton Meester
Quando fazemos alguma coisa por nós, por mais insignificante que possa parecer, elevamos o nosso nível de bem-estar.
Aprender algo novo, ter uma alimentação cuidada, ler um bom livro, fazer exercício físico, ir ao cinema ou conhecer um lugar diferente são detalhes simples que transformam o estado de espírito, que nos estimulam, divertem e realizam.
Reservar tempo para relaxar não é diferente. Se nos comprometermos a fazê-lo todas as semanas, o resultado é muitíssimo positivo: o humor melhora, obtemos prazer, reduzimos os níveis de stress e ansiedade, relativizamos os problemas que nos incomodam e aumentamos o amor-próprio.

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

[ expiro ]

Às vezes é cansativo. É tanta coisa ao mesmo tempo, tanta gestão para fazer, tantos sentimentos para arrumar e tantos outros para adubar. No meio da confusão toda que vou atravessando, manter o foco e a vontade de seguir em frente. Não é sempre fácil, não me sinto sempre a chuva que faz florir - às vezes sou o sol que queima tudo. Só quero queimar tudo. Mas tudo tem o seu tempo e não posso ser sempre o que o impulso pede.

Então decido procurar em mim aquele amor todo, elevo a minha vibração, expiro e deito fora o que não é divino, inspiro tudo o que não é terreno, pequenino, minúsculo. E os meus olhos tentam evitar o que me faz tremer de indignação mas nem sempre os controlo. Então obrigo-me a focar aquele lugar onde quero chegar. Se for preciso, piso descalça a areia fria para me recentrar. Não posso dar-me ao luxo de me distrair nem de me entristecer. Não posso consumir energias no que não me edifica. Não tenho tempo a perder.

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

A Pomadinha do Tigre

Falei dela nas minhas stories, no Instagram, num daqueles dias em que tive que pedir à Mana para me fazer uma massagem no rosto para me aliviar o desconforto da sinusite e da rinite e de tudo o que de tenebroso acontece debaixo da minha cara.

Qual não foi o meu espanto quando 80% das pessoas que respondeu ao pequeno poll que fiz afirma não ter conhecimento sobre o produto maravilha! É esse o motivo para este post. Começo por dizer que podem comprá-la no Celeiro, ainda que sempre tenha comprado em ervanárias ou até na Tiger.

Trata-se de um bálsamo elaborado à base de cânfora, mentol e outras plantas que serve para basicamente tudo: há quem use nas picadas de mosquito para aliviar comichões, quem use como repelente de insectos, quem aplique nas articulações para evitar dores, para dores de garganta, de pés, de cabeça... pessoalmente, recorro à pomadinha do Tigre quando as dores no rosto e nas têmporas ultrapassam o que sinto ser aceitável depois de me ter drogado fortemente com os Sinutabs da vida.

terça-feira, 6 de novembro de 2018

E se tornássemos o mundo melhor apenas por fazer uma comprinha para nós?

Foi um fim-de-semana cheio. Entre o aniversário da mãe e os abraços de que não abdico sempre que subo até à zona centro, fez-se tal tempestade na noite de Domingo que só no dia seguinte tive coragem para me fazer à estrada rumo a Lisboa. E lá vim eu, numa manhã solarenga, estrada afora. Almoço rápido a meio caminho e pouco tempo depois estava na Dress. Confesso que ia receosa. Não me sentia inteira. Há dias assim, em que não vibramos alto. Ia preocupada com a possibilidade de não dar o meu melhor, de não conseguir transmitir - como sinto ser o meu dever sempre que trabalho enquanto consultora de imagem - a confiança. É sempre disso que falamos. Confiança para que aqueles pedaços de tecido tragam à superfície a certeza de que quem os veste tem poder - para fazer acontecer, para receber o que merece.

E subi as escadas enquanto pedia a Deus para me fazer útil nas vidas das pessoas que ia atender, para criar uma experiência agradável e que as encorajasse. Ainda não tinha terminado a subida quando vejo a pessoa que me recebeu neste lugar em que ainda me sinto uma aprendiz mas que me enche tanto o coração. E então senti que se sem me conhecer houve alguém que confiou em mim após uma breve conversa, porque iria agora duvidar das minhas próprias capacidades?

E foi tão bom. Fiquei a tarde toda ali, empenhada e concentrada, feliz com cada outfit terminado e com cada expressão de espanto - «fica-me tão bem!». Tão bonita a mudança de atitude despoletada pelo reflexo que se admira no espelho - «pareço uma actriz de telenovelas, uma figura pública!». Tão sincera a certeza de que o amanhã será melhor porque existe uma armadura para enfrentar os dias - «nunca me vi assim e mal posso esperar para vestir isto no meu primeiro dia de trabalho!». E agradecem-me no final - eu é que agradeço. A cada uma delas pelo testemunho e por me vincarem de sentido o talento que me foi dado. À Dress pela oportunidade de experienciar tudo isto em troca de tão pouco, quase nada e por me encher o coração.

Já com a boutique vazia e com a dor ciática a dar sinais de vida, arrumava o que não tinha sido levado de lágrimas nos olhos. Afinal não tinha ido ali para dar. Voltei para casa muito depois do que seria natural com a certeza de que naquele dia, a pessoa que mais recebera tinha sido eu.

Já suspeitava mas agora tenho a certeza de que a Dress faz mesmo a diferença na vida das pessoas que toca. A Dress tem como motor pessoas que se dedicam de forma louvável ao serviço que prestam. Mulheres que não estão ali para brincar às lojas e que ficam felizes com o sucesso de quem as procura. E é por tudo isto que vos convido a contribuir enquanto se divertem.
No próximo fim-de-semana podem conhecer o lugar onde tudo acontece enquanto compram verdadeiros achados (quem não adora uma pechincha?).

O Mercado de Outono acontece já na Sexta-feira e no Sábado e estarão à venda peças de vestuário, calçado e acessórios que foram doados em bom estado de conservação mas que são inadequados para o contexto profissional.

Os preços são simbólicos (entre 1€ e 15€) e revertem a favor da Dress para garantir que continuará a prestar o apoio especializado a mulheres com poucos recursos económicos.

Ao comprar uma peça de roupa estamos a contribuir para o sucesso de outra mulher!

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

n o v e m b r o

SJP
Segunda-feira. A primeira de Novembro. Nem acredito que já estamos aqui. É nesta altura que começo a acusar a pressão - ainda não fiz isto, ainda não aconteceu aquilo, ainda não cumpri tudo a que me propus até ao final de 2018. 

Sinto-me sufocar com o aproximar do último dia de Dezembro e nem sei porque o permito. Se o meu ano começa em Setembro, porque é que o término de um calendário pelo qual não consigo reger a minha vida me afecta?

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

vou para onde os dias são compridos

Blake Lively
Vou parar. Amanhã deixo a minha Lisboa que me viu nascer. Regresso no Domingo, serão poucos dias. Espero que seja o que preciso para voltar ao centro de mim. Tenho andado a dar demasiado espaço aos receios, aos medos que acreditava já ter ultrapassado. Então vou respirar, respirar fundo, fugir. Ficar longe de tudo o que estando tão perto, às vezes parece inalcançável. Não vou estudar para o curso que ando a tirar, não vou tomar iniciativas relativamente ao meu projecto de Consultoria de Imagem, não vou responder a e-mails, escrever artigos nem posts para o blog. Vou viver. 

Tenho andado tão séria nos últimos tempos, preciso de me rir, de dançar, de beber um gin. Preciso de ficar quieta no sofá com o Balthazar de um lado e a Carmen do outro. Preciso de sentir que há vida para além da correria da cidade, das expectativas, dos riscos, do trânsito, dos dias sem tempo para nada. Vou para onde os dias são compridos porque há tempo. Muito tempo para fazer muitas coisas. Para abraçar muitas pessoas. Para parar.